"Eu não acredito que a vassoura esteja fora de moda. Se há país que está precisando de uma vassourada é este!" Jânio Quadros, em 15/05/1979

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

ELA SÓ QUERIA ATENÇÃO – Drogas, suicídio e adolescência


Estava amanhecendo, T.M. dormia. No quarto ao lado, a briga da mãe com o namorado crescia, com xingamentos e ameaças físicas – ela, ainda sob o efeito de cigarros de maconha combinados com cerveja.
T.M. saiu do quarto, foi para a cozinha, pegou uma faca, sentou-se no sofá da sala. Pela terceira vez em sua vida, tentou se matar. Antes tinha cortado os pulsos e se jogado na frente de um carro. Dessa vez, enfiou a faca na barriga.
Após deixar o hospital, procurou o PROAD (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), do Departamento de Psiquiatria da USP. “Queria chamar a atenção”, resume a jovem. Nas três vezes em que tentou “chamar a atenção” com o suicídio, ela estava mergulhada nas drogas.

***

T.M. repete uma prática trágica e rotineira para os dependentes de drogas, verificada numa pesquisa realizada pelo PROAD com 427 de seus pacientes: a tentativa de suicídio. Da amostra pesquisada, 21% deles usavam crack, 16% consumiam álcool, 16% usavam cocaína (injetada ou aspirada) e 9% maconha. Perto de um quarto usava múltiplas drogas.
O estudo constatou que 23% tentaram o suicídio – na população em geral, o índice é de 1%. A investigação do PROAD mostra como a droga serve de estímulo – ou mesmo origem – para a autoviolência, no caso a tentativa de suicídio. A droga, em essência, dá combustível aos processos de destruição e autodestruição.
Tanto a depressão quanto as turbulências emocionais levam à dependência – o que é mais comum –, assim como a própria droga leva à instabilidade. A droga afeta uma série de neurotransmissores, entre eles a serotonina, associada ao bem-estar mental. A redução do funcionamento desse neurotransmissor é explicada como uma das causas da depressão.

Mesmo fora da categoria de tentativa de suicídio, outro comportamento pode ser, na prática, enquadrado dessa maneira: a promiscuidade sexual. Entrevistados chegaram a dizer que, mesmo suspeitando que um parceiro tivesse SIDA, tiveram com ele relações sem camisinha. É claro que isso, no fundo, é um jeito de procurar a morte.

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